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segunda-feira, 28 de março de 2011

Mais sombras

MENININHA

Ela nasceu pequenina, magrinha. MENININHA. Seu nome não importa. Vamos chamá-la de menininha apenas…guriazinha. Com sua chegada, dobraram as dificuldades, as bocas pra alimentar. Levar ao hospital. Conseguir roupa. Não por muito tempo…

MENINO:

Ele chegou…A assistência dos familiares para com a mãe foi maior. Ele nasceu mais pesadinho. Mais uma boca pra alimentar. Levar ao hospital. Conseguir roupa. Não por muito tempo…

PROFESSORINHA:

Quando a menina chegou aos sete anos, e seus irmãos eram jovens demais para estudar, sua inteligência admirava a todos. Era um misto de capacidade e pressão paterna. A tabuada era tomada diariamente, antes mesmo do ingresso na escola, e, se  houvessem erros, o cinto não hesitaria em marcar-lhe a pele.
Havia uma professorinha com nome de flor. E como flor ela era. Formada em pedagogia, num local onde só haviam profissionais rurais, construiu a escola na sua própria casa…Um colégio municipal. Por ser a única professora e os alunos muitos, em um único espaço ela dava aulas para três séries ao mesmo tempo. Num amplo galpão em sua residência, haviam três quadros-negros. Enquanto um grupo estava fazendo a lição da matéria dada, ela lecionava para o outro. O ensino era conforme os padrões exigidos pela prefeitura, e não deixava a desejar a nenhuma escola pública.
A educadora não era só. Tinha o marido e um casal de filhos exemplares. A filha faleceu ainda cedo,  era muito doentinha. Ela ficou desolada,  Todos pensaram que a “tia com nome de flor” ia desistir . Acontece que ela não deixaria no vácuo seus alunos ansiosos por aprender. Acho que ela pensava que a filha, onde estivesse, não gostaria de ver a mãe desanimar…Dizem que leciona até hoje

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