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sexta-feira, 8 de abril de 2011

CAI UMA ROSA

“Pra morrer, basta que esteja vivo”.... Isso é um fato....
Nunca sabemos a hora que partiremos pra conhecer os mistérios do além-túmulo, que tanto nos intrigam. Nesta história, o inesperado aconteceu, deixando três sombras desamparadas, mas não totalmente, porque Deus vela pelos seus filhos. Certa tarde, a mãe veste uma saia rodada, prende o cabelo em um coque e diz pra filha mais velha:
_Cuida dos seus irmãos porque eu estou passando mal... Quando seu pai chegar, avisa pra ele que eu fui ao hospital do Gama.
A menina, que contava sete anos, fez exatamente o que lhe foi ordenado. Mas ela  não imaginava que não veria sua mãe nem naquele dia, nem em alguns dias seguintes.

                Quando o pai chegou do trabalho que estava fazendo em uma chácara vizinha, a filha, deu o recado inesperado. A distância entre a moradia rural da família e o hospital, caminhando à pé, levava algumas horas à pé em meio a ladeiras e o sol escaldante e mais uma boa distância de ônibus. Foi o percurso sofrido, que a mãe percorreu sozinha até o socorro. As crianças que ficaram em casa, aguardavam ansiosas a volta dela. A filha do meio, com quatro anos, o caçula com um e a menina com sete...Jovens demais pra entender a dimensão da enfermidade que a mãe padecia. A situação do mal de chagas piorou, e o coquetel composto de sofrimento, cigarro e doença resultaram numa explosão maior que o corpo frágil da mãe poderia suportar. O pai sabia que precisava de socorro. Assim que soube da má notícia, procurou formas de notificar os familiares. Como ele não tinha telefone, procurou a vizinhança e foi ao hospital saber o quadro de sua esposa. Os parentes que moravam em Brasília se prontificaram a ajudar e seguiram para o hospital.

MORTE PREMATURA

Depois de aproximadamente uma semana, a menina mais velha, juntamente com uma de suas tias, seguiu para o hospital do Gama onde viu sua mãe.Nunca lhe pareceu que ela era tão alta, magra e frágil. Ela vinha com o soro no braço, andando amparada por uma enfermeira e disse:

_ Eu vou pra casa logo...

Mal sabia ela, no auge de seus vinte e oito anos e meio, que sua vida estava por um fio. Vida curta e sofrida. Ninguém esperava esse fim. Ela morreu, e lá estava a menina novamente, vendo seu corpo na gaveta gelada do hospital.